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Tema: ESE cap. 5 : 28 = Eutanásia - Palestrante: Sylvio Vianna

Reunião Pública de 5ª. feira – Dia 11/10/2018

Graças a Deus!


Morrer é fácil. Largar a vida é o problema. Quem se acostumou, por tantos  anos, a perceber a vida através de um corpo não aceita que possa existir vida sem este corpo. E apega-se a ele, como o marisco à pedra, insistindo em usar o corpo, mesmo quando não há mais condição de vitalidade, de usar aquela matéria.


Aí o sofrimento contagia toda parentela. Todos sofrem. Até os profissionais médicos não ficam felizes com a degradação física de um corpo aos seus cuidados. E o Espírito, dono do corpo, perturbado, na verdade, apavorado, sem saber se tudo que ouviu é verdadeiro. Se existe vida sem aquele corpo.


Começa a pensar no que não fez. Tantos anos de vida e não fez isso, não fez aquilo, não deu tempo para aquilo outro. As pendências se acumulam na sua cabeça. E ele acha que tem que manter o corpo vivo para conseguir realizar alguma parte daquelas pendências.


A agonia se prolonga, dia a dia. O corpo piora. Cada vez menos condição do Espírito instrumentalizar aquele corpo. Falta comunicação. O Espírito não consegue mais se fazer entender pelos encarnados. O corpo está imóvel, apesar do Espírito perceber tudo ao seu redor. Ouvir tudo.


A comunicação não se faz mais. A agonia vai piorando. O medo. A insegurança. O desconhecido. Um acúmulo de sensações que se afunilam em cima dele e ele se agarra desesperadamente ao corpo, que vai parando de funcionar.


Até quer, finalmente, para. O corpo não aguenta. O Espírito ainda está ali. Preparação do corpo para o sepultamento. E o Espírito ainda está ali. Fechado a qualquer outra dimensão, por medo, insegurança e ignorância.


Passado um tempo, acaba percebendo a desintegração do próprio corpo e finalmente desiste de tentar reanimar o corpo. Percebe que continua existindo e que não há volta. Só há ida. Aceita, finalmente, o desencarne. Decepcionado com o que não fez. Satisfeito com muitas das coisas que fez. Mas, só lembra das coisas que não fez. Quanta coisa poderia ter feito! O tempo acabou. Só resta aguardar a próxima vez.


Agora, desencarnado, se adaptando ao mundo dos Espíritos, ao seu mundo atual, ainda olhando as consequências do que não fez, ainda se julgando responsável por alguns atritos, desavenças entre parentes e familiares.


Não há mais jeito a não ser aceitar o inevitável. O corpo morreu e agora é Espírito. E ainda agradecer por ter recebido a acolhida de pessoas queridas que o auxiliaram a se adaptar no mundo espiritual. O protegeram, o conduziram ao trabalho, porque há trabalho para os Espíritos, senão a cabeça enlouquece. É preciso trabalhar para desanuviar a tensão do que não se fez, o remorso, a culpa, a angústia.


As perguntas, os por quês? São muitos os questionamentos. O mundo não para. A vida prossegue e no mundo dos Espíritos a gente vai se adaptando e vendo que tudo que fazemos tem desdobramentos, como uma pedra que se joga no lago e provoca ondas até a borda. Não tem como voltar atrás. Só seguir adiante.


Hoje, trabalho, tento entender, estudar para compreender. Tento amenizar as consequências das coisas que não fiz e provocaram alguns desajustes. Tento fazer o melhor.

 

Não tem como contestar: Há vida depois da morte. Hoje não posso questionar mais nada. Só posso viver a vida que prossegue no aprendizado, no trabalho, no estudo, na grande família espiritual, que alcança muito mais do que somente a família biológica.


Meus amigos, produzam, cumpram, enquanto estão encarnados. Não deixem para amanhã. Pode não haver amanhã. Façam logo o que a consciência julgar que seria um peso desencarnar levando esta responsabilidade. Cumpra logo, para não haver peso morto na transição para o mundo espiritual. Essas consciências é que fazem a gente permanecer no corpo, prolongando uma agonia desnecessária. Vivendo e aprendendo. No meu caso, morrendo e aprendendo.


Fiquemos em paz.

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