Tema: Palestra sobre Finados - Palestrante: Sheila Lopes
Reunião Pública Domingo – Dia 29/10/2017
Graças a Deus!
Gostaria de pedir permissão para usar, como comparação, um exilado político, na década de 60, 70 aqui no Brasil.
Muitos foram obrigados a deixar o Brasil em direção a outros países, deixando aqui a família, o trabalho, os amigos. Deixando tudo. Partindo em direção a uma cultura diferente, com novos hábitos. Sendo obrigado a se adaptar naquele novo clima, fazer novos amigos, procurar uma ocupação para o seu tempo. Enfim: adaptar-se a um país que não é o seu.
Pela dificuldade de comunicação, de quando em quando, enviava notícias dizendo que continuava vivo, que continuava bem e que aguardava o reencontro.
Essa era a situação de muitos exilados.
Situação muito semelhante aos desencarnados, que também são constrangidos a deixar a família, os amigos, o trabalho, as propriedades e partir para uma nova gente, para um novo modo de viver, criando novos amigos, procurando uma nova ocupação, e de quando em quando enviando mensagens de que está bem e que tem saudades. Isso em relação aos que vão.
Em relação aos que ficam, também o sentimento de saudade, de distância, de perda e também a obrigação de se acostumar com o vazio deixado por aquela ausência.
São situações bem parecidas. A diferença é que um está encarnado, com expectativa de retorno, um dia. O outro está desencarnado e sua expectativa de retorno é apenas pela reencarnação. Mas os reencontros poderão acontecer através do desdobramento do sono de seus familiares, indo ao encontro dos seus amores.
Queridos amigos, desencarnar, para muitos é uma tragédia. Como o exílio.
Mas existem situações de distância que são mais amenas, que são aceitas, onde a pessoa busca o aproveitamento da oportunidade.
Temos separações por intercâmbio estudantil, quando as pessoas vão felizes, alegres, pela oportunidade de crescimento. Temos intercâmbio profissional, estágios de crescimento.
Para alguns espíritos o desencarne também é assim: oportunidade de crescimento. É claro que vão ter que sofrer a saudade, a distância, a adaptação, mas o sentimento não é de exílio. O sentimento é de oportunidade, é de empenho na adaptação à nova vida.
E nós? O que fazemos quando estes estudantes ou profissionais se deslocam indo para outros países? Nós os torturamos com a nossa saudade?
Nós ficamos o tempo todo insistindo por notícias, por contato? E nas vezes em que conseguimos enviar mensagens são de estímulo, são de pacificação ao coração dizendo que tudo está bem aqui e que ele se cuide lá.
Assim também devemos proceder frente à desencarnação. Deixar que o espírito aproveite a oportunidade da nova vida e sempre que possível mandar mensagens de estímulo e de pacificação, pois ele lá também estará preocupado com a sua família que ficou encarnada.
Não é difícil o entendimento. A vida continua, ininterrupta. Apenas muda de plano, como o exilado mudou de país. Os desencarnados mudam de plano, mas os sentimentos são muito parecidos.
Amigos, nós, espíritas, com a ampla literatura ao nosso dispor, esclarecendo, explicando, temos a obrigação de não sermos instrumento de dor para aquele que vai. Ao contrário, temos a obrigação de sermos instrumento de paz para aquele que vai.
Que, no Finados, dia consagrado aos mortos, possamos refletir nesta comparação e optar por mandar mensagens de estímulo, de paz. De saudade, sim, mas serena. Saudade baseada em momentos felizes que ficam. Baseada no entendimento de que um dia haverá o reencontro.
Pensemos nisso. Muita paz.